O objetivo, segundo elas, é fugir dos relacionamentos abusivos, proteger a si mesmo, familiares e amigos.
Reparar como a pessoa trata a família e os amigos, os posicionamentos nas redes sociais e até os antecedentes criminais. Essas são algumas estratégias cada vez mais utilizadas por mulheres que querem fugir de um relacionamento abusivo quando começam a se envolver com alguém.
O que para uns pode soar com curiosidade excessiva; para elas, trata-se de cuidado. É o caso da psicóloga Clislaine Oliveira, de 27 anos, que começou a pesquisar sobre o histórico das pessoas que se envolvia ao se relacionar com um homem que tinha comportamentos que a deixavam insegura.
“Era muita possessividade para o início de um relacionamento. Quando fui ver os antecedentes criminais do rapaz, tinha uma medida protetiva contra ele, que foi requerida por uma ex-namorada. Foi aí que eu cortei o vínculo e não quis me envolver para me proteger. Desde então, sempre procuro saber quem é a pessoa antes de me relacionar e oriento as minhas amigas a fazerem o mesmo” Clislaine Oliveira Psicóloga.
Quem também é adepta dessa pesquisa sobre os antecedentes é a professora Daniela Souza, de 43 anos. Segundo ela, além de procurar informações pelas redes sociais, também pergunta aos amigos e pessoas próximas a fim de conhecer mais quem está ao seu lado.
“Quando a gente conhece alguém, não está estampado na cara da pessoa quem ela é. Por isso, é preciso ser racional e analisar bem, principalmente no início, quando tudo são flores. Eu procuro saber de familiares e amigos, de forma a não constranger ninguém, como é o tratamento do rapaz com os demais, além de verificar se tem passagens pela polícia ou algum processo na justiça. A gente também procura saber quem são nossos amigos, não é? Por que não com um namorado?”, podera Daniela.
Já com a secretária Neilane Neves de Souza, de 46 anos, o cuidado começou após o término de um relacionamento abusivo que durou cerca de seis anos.
“Durante todos estes anos, vivi coisas que não desejo a ninguém, como diversas traições. Quando tive forças para terminar, meu ex-namorado, que até então era uma boa pessoa, começou a me atormentar, me perseguir, fazia escândalos onde me encontrasse.
Foi a partir disso que comecei a pesquisar quem é a pessoa antes de me relacionar. Já deixei de me relacionar com uma pessoa ao saber do seu tratamento violento e perseguidor com uma ex-namorada, por exemplo”, lembra a secretária.
Além de ter como objetivo proteger a si mesmo, as mulheres buscam a proteção dos seus filhos e das pessoas que moram na mesma residência. É o caso da secretária Grazielle Pereira Gonçalves, de 33 anos, que é mãe de três filhos, frutos do seu primeiro casamento. Divorciada há quatro anos, ela não leva ninguém em sua casa sem ter informações sobre a índole da pessoa.
“Fui criada por padrastos e vi diversas tentativas de agressão contra a minha a mãe e também sofri tentativas de abusos. Não quero que meus filhos passem por isso. Por isso, investigo a vida do homem que me interesso antes de me envolver. Peço ajuda das minhas amigas, procuro saber como é a relação com a família, como foi o término de relacionamentos anteriores, se tem boa índole. Sei que, apesar de tudo isso, a gente pode se enganar, mas fica mais difícil disso acontecer”, comenta.
“COMPLEXO ENTRAR EM UMA RELAÇÃO DE OLHOS FECHADOS”
Quando o assunto é um novo relacionamento, é preciso pesquisar quem é a outra pessoa para não se envolver com alguém que apresenta um perfil violento. Essa é a orientação da coordenadora de enfrentamento à violência doméstica e familiar do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, juíza Hermínia Azoury.
“Na maioria das vezes, o agressor não se apresenta à mulher com um perfil violento. É preciso, sim, ter essa perspicácia de buscar informações sobre a pessoa que está se envolvendo, além de não admitir oscilações bruscas de humor, como raiva excessiva em um momento e um conquistador apaixonado no outro”, salienta.
Para a juíza, pesquisar os antecedentes criminais é uma forma de buscar informações verdadeiras que encorajam a mulher a sair de um relacionamento fadado ao fracasso. “É um risco muito grande se envolver com alguém que tem uma denúncia de agressão contra si. No início, tudo é muito bom, mas relacionamentos abusivos sempre terminam com algum tipo de violência, seja física, verbal ou psicológica”, detalha.
Para buscar informações de antecedentes criminais, Azoury orienta, no entanto, que é preciso ter, além do nome completo da pessoa, um documento. “No Brasil, existem muitos homônimos, que se diferem com as informações sobre a filiação da pessoa, que é o nome do pai e o nome da mãe”, explica.
COMO CONSULTAR
Acessar a página de solicitação
Tendo um documento, é preciso acessar o site da Polícia Civil, clicar em “atestado de antecedentes criminais” e preencher um formulário com os dados pessoais da pessoa consultada.
Já no site do Tribunal de Justiça, é possível checar se a pessoa responde a um processo criminal buscando pelo nome. As informações serão ocultadas se o processo estiver em segredo de Justiça. Para mais informações, basta entrar no site e clicar em “consulta processual”.
Mas, atenção, como existem muitos homônimos (pessoas como o mesmo nome), é preciso ter mais informações para conseguir realizar uma busca de maneira correta.
ESTOU ME RELACIONANDO COM UMA PESSOA E QUERO SABER SEUS ANTECEDENTES, ONDE DEVO PESQUISAR?
Por isso separamos 3 locais diferentes, que se complementam e podem revelar informações importantes acerca da pessoa pesquisada.
O TRIBUNAL DE JUSTIÇA
O site do Tribunal de Justiça do seu estado ou do estado onde reside seu companheiro. Isso mesmo, no site do TJ você obtém informações acerca de processos em andamento e nem precisa ser advogado para consultar! Basta você procurar o campo ‘’pesquisa processual’’ ou ‘’consulta processual’’ e selecionar a opção unificada, onde geralmente você consegue visualizar processos em andamento apenas com o nome da pessoa, embora seja recomendável ter conhecimento sobre outras informações como nome da mãe, data de nascimento, etc..
AS FORÇAS POLICIAIS
O segundo local muito importante para obter informações criminais sobre uma pessoa é o site da Polícia Civil e da Polícia Federal! Atualmente houve uma grande implementação de informações disponibilizadas por meios eletrônicos, facilitando o acesso ao cidadão. Dessa forma, procure pela aba Atestado de Antecedentes Criminais, no site da Polícia Civil do estado que você deseja ou no site da Polícia Federal e apenas com o número do RG, nome completo e data de nascimento, você consegue emitir um Atestado de Antecedentes.
OS BANCOS DE DADOS GOVERNAMENTAIS
Por último e pouco lembrado, porém de extrema importância, existe o BNMP (Banco Nacional de Monitoramento de Prisões) que se trata de uma ferramenta desenvolvida pelo judiciário brasileiro em prol de manter online informações acerca de mandados de prisão em aberto. Muita gente não sabe que existe este recurso que pode ser acessado por qualquer cidadão e por meio de uma simples busca pelo nome da pessoa e o nome da mãe, por exemplo, o banco de dados informa se há mandado de prisão em desfavor do consultado.
A culpa nunca é da vítima! Denuncie!
ONDE BUSCAR AJUDA EM MARINGÁ:
Delegacia da Mulher de Maringá:
Fone: (44) 32202500 – Fax: (44) 32186621
Email: dpmulhermaringa@pc.pr.gov.br
Endereço: Avenida Julio Meneguetti, 195, Jardim Novo Horizonte, Maringá–PR, 87010-230, Brasil
Horário de atendimento ao público: SEGUNDA a SEXTA-FEIRA, das 08h às 17h.
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Marisa Vendruscolo
É Advogada Tributarista e Bacharela em Direito pela Universidade Cesumar de Maringá. Conciliadora Judicial pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Capacitação em Fundamentos da Mediação Comunitária, pela Escola Nacional de Mediação e Conciliação (ENAM). Capacitação em Mediação Judicial ( NUPEMEC/PR e CNJ). Capacitação em Justiça Restaurativa pela Universidade Estadual De Maringá/PR (UEM).Cursou Licenciatura em Química pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Cursando Pós Graduação em Docência do Ensino Superior pela Faculdade FAVENI.